terça-feira, 31 de março de 2009

ENCONTRO COM ELIANE BRUM

Era uma manhã quente, típica de verão, o calor era amenizado por dois ventiladores. Na sala estavam oito alunos, precisamente, cinco moças e três rapazes, eu estava entre esses. Todos aguardavam a professora, em particular, estava curioso, porque seria abordado um pouco do trabalho da Jornalista Eliane Brum. Sendo sincero, mesmo sendo vergonhoso para quem já fez o TCC, confesso que já tinha ouvido falar, e por sinal bons comentários, por exemplo: “Eliane Brum parece ser daquelas pessoas cujo texto carrega o seu próprio DNA”. “Tem uma história de 20 anos na profissão e mais de 40 prêmios de reportagem”. “Ganhadora de prêmios como Esso e Vladimir Herzog”. E por aí vai… Eliane é repórter especial da revista Época; e autora dos livros “O Olho da Rua”, “A vida que ninguém vê” e do esgotadíssimo “Coluna Prestes: O avesso da lenda”, além de co-diretora e co-roteirista do documentário “Uma História Severina”. Mas, faltava àquele contato, com “A” maiúsculo. Mesmo que seja por textos e vídeos.

Pelo que foi visto e lido, percebi que é uma gaúcha de boa prosa. Durante a entrevista segura tenazmente a caneta em sua mão direita e gesticula com tamanha simplicidade. Fala com voz suave e jeito doce de seu trabalho e de suas reportagens. Com sentimentos de quem vive uma vida real. Mergulha em suas entrevistas até encontrar a mais límpida água que brota da fonte a borbulhar. Cada pensamento, palavra e emoção não lhe passa despercebido e com sua capacidade áurea passa para os seus textos. No documentário “Uma história Severina” ultrapassa as imagens, o texto e a edição. É uma declaração de quem olha para a vida e os problemas das pessoas de maneira diferente. É impossível, ao assisti-lo, não se emocionar, sensibilizar e sentir as dores das Severinas de nosso Brasil.

Todos esses atributos, talvez, seja fruto de sua capacidade intelectual e emocional. Contudo, a história de sua infância contribuiu para a mulher de hoje. Filha de professores e escritores, os livros sempre fizeram parte de sua infância. Desde cedo, criou o gosto pela leitura e escrita. Aos onze anos, seu pai manda publicar suas primeiras histórias. É possível imaginar quantas manhãs, típicas de verão, trouxe-lhe inspirações para sair, por aí... Sem pauta nas mãos, a busca de novas histórias.