sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

METADE DO PIB ESTÁ CONCENTRADO EM 10% DOS MUNICÍPIOS

Apenas cinco capitais respondem por um quarto do PIB nacional

A quarta divulgação, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios (soma de todas as riquezas produzidas em cada cidade), confirmou a concentração regional da renda do País. Apenas cinco capitais - pela ordem, São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Brasília (DF), Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG) - responderam por um quarto do PIB nacional em 2005. No outro extremo, os cinco municípios com os menores resultados, quatro deles no Piauí, representavam 0,001% de toda a renda gerada no País.

O leque apenas dilata a desigualdade: metade do PIB brasileiro está concentrada em 51 municípios, ou seja, em menos de 10% do total de 5.564 cidades. Enquanto na ponta mais empobrecida, é necessário juntar 1.338 municípios para chegar a 1% do PIB nacional. Na divulgação, feita ontem, o IBGE estreou uma nova metodologia que leva em conta mudanças na atividade de serviços, provocadas sobretudo por avanços tecnológicos.

O resultado foi um retrato mais preciso do peso das cidades, traduzido pelo ganho de 3,2 pontos percentuais do PIB da cidade de São Paulo, de 2004 (9,09%) para 2005 (12,2%). O Rio de Janeiro também ganhou 1,1 ponto percentual na mesma comparação, passando de 4,7% para 5,8%. O cálculo, sobre os dados divulgados ontem, é do economista Sérgio Besserman, presidente do Instituto Pereira Passos, da Prefeitura do Rio. "É como se São Paulo tivesse incorporado uma Curitiba e o Rio, uma Porto Alegre", comentou.

A técnica Sheila Cristina Zani, do IBGE, coordenadora da pesquisa, destacou que, com a nova metodologia, "a estrutura produtiva está melhor medida". Ela destacou que, o método de cálculo de 1998, que servia de base da pesquisa até 2004, levava a uma subestimação de serviços como informática, telefonia, incorporações. Também foi modificado o procedimento em relação à extrativa mineral que, no caso do petróleo, passou a dar mais peso à produção efetiva e menos à renda dos royalties.

Pelos números apresentados pelo IBGE, entre os municípios com participação mínima de 0,5% do PIB nacional, 13 tiveram ganhos na participação relativa, de 2004 para 2005. Os maiores saldos ficaram com São Paulo, com 0,6%, Campos dos Goytacazes, no norte fluminense, com 0,2% e Barueri, na região metropolitana de São Paulo, também com 0,2%.

O ranking dos cinco maiores PIBs municipais mantém-se inalterado desde 2003 e revela que Curitiba, que em 2002 ocupava a sexta posição, consolidou-se em quarto lugar, desbancando Belo Horizonte. A concentração de riqueza no Sudeste e no Sul é tão patente quanto a fraca participação dos municípios do Norte e Nordeste no bolo.